Não se
pode dizer que tenha sido um dia “abençoado por Deus”, na medida em que, nessa
semana, foi de todos o mais cinzento. Porém, quando se “faz das tripas coração”,
nem o S. Pedro resiste a ceder uns raios de luz e a tarde acabou por se tornar
bem agradável, havendo mesmo quem chegasse a dizer que um gelado não calharia
mal.
Contudo, não houve tempo para isso, que muito havia a ser visto. E foi na
Ribeira do Espírito Santo que tudo começou. Para uma humilde ribeira, muito deu
que falar, nomeadamente em relação à tradicional poluição (que, por menos que
seja, é sempre muita) e ao seu impacte nas respectivas flora e fauna. Na
verdade, e isto é algo de que nem todos tinham a percepção, muito do lixo que
vai ter à ribeira não é lá depositado directamente por pessoas pouco
escrupulosas. É depositado, isso sim, no chão (por pessoas que, por sinal, não
serão muito mais dignas) e acaba por ser arrastado até lá graças às águas de
escorrência. Quanto à biodiversidade, pode dizer-se que já foi muito mais rica
(mais uma vez, obra da poluição, que é uma maneira suave de culpar o Homem) e
que varia sazonalmente.
Como
estava mesmo ali ao lado, aproveitámos para dar um saltinho ao “centro de
educação ambiental das ribeiras de Gaia”. Lá, foi-nos mostrada uma exposição de
aquários e vitrinas representativos dos vários ecossistemas ribeirinhos,
organizados sequencialmente desde a nascente até à foz, com várias espécies
autóctones e exóticas, sobretudo de peixes.
Saímos
e prosseguimos ao longo da ribeira, até à praia, onde apanhámos uma boleia do
passadiço. À medida que ao longo dele caminhávamos, fomos prestando atenção aos
pormenores que nos passam sempre ao lado quando estamos a “fazer praia”. De
especial destaque eram as dunas e a respectiva vegetação, que como todos
sabemos, desempenham um papel fundamental, por impedir o avanço do mar.
Não
menos importante foi o momento em que nos esquecemos de que era uma visita de
estudo, coisa muito séria (ou não…), e fomos cinco, dez minutos ver conchas para
a areia. Houve até quem chegasse a molhar os pés (só que isso não é para
dizer…).
Mas,
prossigamos, que se faz tarde e temos de estar às cinco e um quarto no Colégio.
Continuámos pelo passadiço, num pára-arranca, ao fim do qual o calor dos casacos
já pesava e chegámos, finalmente, à Estação Litoral da Aguda, propriamente dita.
O que não faz justiça ao título do presente artigo é o facto de termos tido
pouco mais de cinco minutos para visitar a ELA, a correr, se queríamos ver o
Museu das Pescas e os aquários todos. (Mas ainda deu tempo para nos assustarmos
com as raias, e não só, ou disfarçar bem…)
Quando
voltámos para o autocarro, estávamos já mais mortos do que vivos. Nada que a
perspectiva de regressar a casa não curasse. Foi o dia 11 de Abril.
Ricardo Castro e José Pedro Quintanilha (12º BT 2)