“A
igreja não é contra” afirmou quando a geraçãoCIC
lhe perguntou qual a posição dos religiosos acerca deste tema polémico,
no entanto logo de seguida sublinhou
que tudo aquilo “que atentar contra a vida, a igreja não pode
aprovar”.
Quando
confrontado com a questão de cada um ser dono da sua vida protestou: “nós não
somos donos da vida, somos gestores”, e justificou ao lembrar que também não
se é “autor da vida”.
Sobre
o direito que cada um exerce sobre a sua própria vida simplesmente argumentou
que seria suposto “alguém dever ter direito de pôr fim a um sofrimento, a
uma vida sem sentido” mas alertou de imediato que este princípio levado por
outros caminhos, seria prejudicial, pois “podíamos ser tentados a eliminar
pessoas”, como referiu.
“Sim...
ou seja, a fé é uma atitude, é também um dom, dom de acreditar”, respondeu
quando abordado sobre o se no prolongamento do sofrimento é possível acreditar
em milagres.
À
evidente e não escondida hesitação acabou por acrescentar (obviamente puxando
“a brasa à sua sardinha” como se diz entre o povo), que “muitas vezes
dizemos que é um milagre, uma coisa que não é, e a igreja, normalmente - e
aqui curiosamente -, é sempre a ultima a declarar o milagre”.
Lançado
o repto, aproveitou para enaltecer o discurso com casos extraordinários de
experiência própria como, segundo o orador, “pessoas que estão a morrer e
recebem a visita de um sacerdote e parece que abrem os olhos e ainda têm um
suplemento de energia”. Para justificar e terminar em poesia acabou por
rematar que o coração “tem razões que a razão desconhece”.
Confrontado
com a natural dúvida de a Fé poder curar alguém em sofrimento há muitos
anos, só pela força da crença,
no caso específico o de alguém que já não encontra capacidade para
viver em lugar algum, encontrando-se assim no meio que separa a vida da morte,
contou haver casos em que
“pessoas com uma vivência religiosa normalmente têm uma melhor tolerância
da dor” e, para quem mantenha a descrença, acrescentou “está provado, mas,
- continuou -, a Fé não vai alterar o quadro clínico da pessoa, o que pode é
alterar a reacção psicológica da pessoa”.
A
conversa continuava animada e o Padre Maia acabou por desenvolver o discurso
definindo a eutanásia como “desligar uma máquina, ou seja, aquela vida deixa
de ser prolongada artificialmente” e, quando encarado o cenário de as pessoas
quererem viver uma vida natural sem “ir a prolongamento”, assim respondeu:
“acho que esta é a questão que está no centro do debate, e que é colhida
como uma questão a reflectir”.
O
padre e presidente da Direcção do CIC considera que o problema desta questão
que levantou tanta poeira em tempo de chuva reside em entender que “a vida
ligada a uma máquina já não é vida”.
Em
jeito de conclusão declarou que a Igreja “defende a vida a qualquer preço”
e porque pode esse “preço” ser tão alto como o sofrimento e a dor dos que
já viveram as piores desventuras, acaba por afirmar, que mesmo assim a Igreja
“não é dona da verdade”.
Feitas
as contas resta saber qual a diferença entre a opinião da Igreja e do mundo em
geral.