geraçãoCIC

Revista do Colégio Internato dos Carvalhos

16 / 09 / 2024

Número 7 .

Nº Disponíveis :

      

90 minutos positivos - O Balanço

Novas Caras na gC

ABC da Televisão

II Audição Musical

AAACIC - Encontro Convívio 2002

Testemunho

Acção de Formação sobre Tutorias

Competência

25 de Abril - o começo da liberdade

Que Rumo devemos tomar

O Mundo do Trabalho

Entrevista com...

Editorial

Conceição Coelho "Caminhar é o segredo...."

ExpoCIC - Abertura

ExpoCIC - CICMUN

ExpoCIC - "A vida é um dom que nos é dado"

ExpoCIC - Amor: fazer ou não fazer eis a questão

ExpoCIC - Noites de música

ExpoCIC - Corrida contra o tempo...

ExpoCIC - Os mais lindos do CIC e A turma dos ...

ExpoCIC - I Feira de Informação

ExpoCIC - I have a dream

Nota do Director

Entrevista com Luís Filipe Meneses

Amizade

ExpoCIC - o que pensam sobre ela?

APCIC

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Página do Leitor - De Telaviv a Ramallah

Um caso da vida real...

Fora de Portas

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Ficha Técnica

   

  Página do Leitor - De Telaviv a Ramallah
    

De Telaviv a Ramallah

  

  

Telaviv, manhã do dia 7 de Abril 

O corpo não me pediu para dormir esta noite. Deitei-me na cama, mas os olhos não se fecharam. Fiquei na luz que me encheu: desde o céu, desde o sol, uma luz a rasgar a noite e o telhado e o meu peito, uma luz a cegar-me de tudo o resto. Com as pernas estendidas, com os braços estendidos, sem os sentir, estive deitado. Penso: talvez a dor exista para nos avisar de um sofrimento ainda maior. Nas costas, debaixo da roupa, sinto dor em carne viva. Penso: a dor existe para nos avisar de uma dor maior. E durante toda a noite lembro o rosto do meu filho, que o exército do meu país levou. Foi combater os terroristas para a Cisjordânia, foi lutar contra o meio mundo que nos odeia.

Tenho medo. Olho para a televisão e vejo os canhões, os aviões e a força bélica do meu país dá-me medo. Já não saio à rua, pois em cada esquina, a qualquer instante, pode rebentar um homem que carrega explosivos.

Foi um homem destes, carregado de ódio e fé num paraíso prometido, que roubou a vida à minha mulher e à minha filha.

Sinto cansaço. Vivo à espera do regresso do meu filho. 

 

Ramallah, noite do dia 6 de Abril

 

Este silêncio de espera inquieta-me.

Faço uma sopa, com água e pouco mais.

Estamos cercados pelo exército israelita, o mesmo que matou o meu pai quando ainda não sabia conhecer as pessoas, quando só tinha alguns meses de vida. Desta vez o exército israelita veio prender o meu irmão, um rapaz com quinze anos. Acusam-no de apoiar os terroristas do meu povo. E não me levaram porque sou uma rapariga, demasiado nova para me parecer com um terrorista.

Olho o rosto triste da minha mãe. É o seu olhar de uma escuridão intensa. Tem os cabelos despenteados e cinzentos. A pele é branca, branca a sobressair do preto profundo do seu luto. Ouço-a dizer muitas vezes, mas prestei mais atenção quando disse: a dor existe para nos avisar de um sofrimento ainda maior. Parámos a olhar-nos. Percebemos a solidão das nossas vidas. Penso: talvez o céu seja um mar grande de água doce e talvez a gente veja as coisas ao contrário e a terra seja como um céu e quando a gente morre, quando a gente morre, talvez a gente caia e se afunde no céu.

  

António Terra

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